Bolsonaro defendia mudança na divulgação dos dadosApós uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério da Saúde voltou a divulgar nesta terça-feira (09/06) os dados totais sobre o número de casos e de mortes causadas pela covid-19. As informações foram publicadas na plataforma mantida pela pasta, que chegou a ficar fora do ar no sábado.
Desde sexta-feira, o ministério passou a divulgar apenas os números diários da doença e parou de publicar os dados consolidados da epidemia, como o total de mortes e casos de covid-19 no país. O Painel Coronavírus do Ministério da Saúde chegou a ser retirado do ar. Posteriormente, voltou mutilado, sem os números totais e desprovido de quase todas as suas ferramentas, como gráficos e tabelas.
A mudança causou uma série de críticas de políticos, juristas e entidades de saúde, que temiam uma manipulação dos dados com a diminuição da transparência. Partidos da oposição entraram com uma ação no STF para reverter a alteração. Na segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o governo retome a divulgação dos dados acumulados.
O ministro considerou haver "grave risco de interrupção abrupta da coleta e divulgação" desses dados e determinou ao Ministério da Saúde que "mantenha, em sua integralidade, a divulgação diária dos dados epidemiológicos relativos à pandemia, inclusive no sítio do Ministério da Saúde e com os números acumulados de ocorrências, exatamente conforme realizado até o último dia 4 de junho".
Apesar de o ministério ter anunciado que estava desenvolvendo uma nova plataforma, os dados voltaram a aparecer no site já existente, onde são consolidados e divulgados os números fornecidos pelas secretarias estaduais sobre o avanço da epidemia.
Antes de parar de divulgar os números totais, o Brasil teve dois dias consecutivos de recordes de morte por covid-19. Na quarta passada foram registrados 1.349 óbitos. Na quinta, 1.473. O Ministério da Saúde também atrasou até as 22h a divulgação dos dados nesses dias.
A mudança foi confirmada e defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela foi o ápice de semanas de redução de transparência, que se intensificou depois da saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e do aumento da influência militar na pasta. O governo também passou a atrasar propositalmente a divulgação de dados e dar ênfase a aspectos "positivos" da pandemia.
Em reação à alteração feita pelo ministério, surgiram novos meios de monitoramento para tentar suprir a lacuna deixada pelo governo.
Os jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo e os portais G1 e UOL anunciaram uma colaboração para coletar dados sobre a epidemia nos 26 estados e no Distrito Federal. Equipes desses veículos vão dividir tarefas, compartilhar dados e elaborar um balanço diário que será fechado às 20h.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que reúne os titulares das 27 secretarias de Saúde da federação, lançou no fim de semana o portal Painel Conass, que é atualizado todos os dias às 18h30 (horário de Brasília) – ou seja, bem antes do horário do governo federal, que empurrou na semana passada a divulgação de seu boletim diário para as 22h.
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CN/ots
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