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Programa Alfabetiza Belém garante acesso à educação e a direitos sociais

Com altos índices de analfabetismo no Brasil, a Prefeitura busca combater essa realidade por meio do Programa Alfabetiza Belém, dando acesso à educação na escola e em várias comunidades da capital.

O carpinteiro Vagner Alves, de 43 anos, é um dos 360 estudantes certificados pelo Programa Alfabetiza Belém em setembro e agora segue nos estudos para terminar o ensino fundamentalNessa segunda-feira, 14, Dia Nacional da Alfabetização, a Secretaria Municipal de Educação (Semec), responsável pelo Programa Alfabetiza Belém, compartilha duas histórias entre muitas outras semelhantes espalhadas pelo país. São pessoas que conseguiram ultrapassar o primeiro obstáculo de ler e escrever, aprendendo principalmente a reconhecer os seus direitos constitucionais e a transformar a própria realidade.

Histórias

"Seu Vagner, corra atrás de um estudo, pra ver se a gente lhe bota em um cargo melhor. O senhor é inteligente. Merece". Foi esta frase que motivou o carpinteiro Vagner Alves, de 43 anos, a se matricular na turma da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai), na Escola Municipal Olga Benário, no bairro Águas Lindas. Ele trabalha há 14 anos numa grande empresa de engenharia e escutou a frase do seu chefe.

Natural do município de Cururupu, no Maranhão, Vagner nunca teve a oportunidade de frequentar a escola, porque precisava ajudar a família na lavoura, depois na pesca. Aí veio morar em Belém com um tio e começou a trabalhar na construção civil, aos 11 anos.

Hoje, o carpinteiro já sabe ler e escrever. Ele é um dos 360 estudantes do programa Alfabetiza Belém que foi certificado no mês de setembro e agora segue com os estudos para concluir o ensino fundamental.

Em busca de crescimento 

"Tô correndo atrás. Antes mal sabia escrever meu nome. Tem dia que chego tarde na aula, outro chego mais cedo. Às vezes chego cansado, porque trabalho no centro. Mas tô lutando e, se Deus quiser, vou conseguir terminar meus estudos", afirmou Vagner, que deseja fazer cursos profissionalizantes para ascender na profissão como encarregado.

Programa

As turmas de alfabetização estão distribuídas em 35 escolas municipais e espaços sociais nas comunidades de Belém, em parceria com movimentos sociais e universidades. O processo de alfabetização ocorre em cinco meses, com base na proposta de Paulo Freire, patrono da educação brasileira: o mesmo quee conseguiu alfabetizar, em 40 horas, 300 pessoas, em 1960, em Angicos, no Rio Grande do Norte.

O método busca ensinar a partir da realidade do estudante: usa palavras geradoras do seu cotidiano, que permitem uma reflexão sobre a sua condição social e as oportunidades que a educação como ferramenta de transformação pode proporcionar no presente e futuro.

No próximo dia 28 de novembro, o programa Alfabetiza Belém certificará mais mil pessoas alfabetizadas entre junho e outubro deste ano. A cerimônia será no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, às 19h.

Cartas dos sonhos  

A última atividade das turmas de alfabetização é a Carta dos Sonhos, em que o estudante conta um pouco da sua história e os sonhos que deseja realizar, após a conclusão desta fase estudantil.

Entre as pessoas que vão ser certificadas está o cozinheiro Carlos Alberto Matos, de 46 anos, estudante da turma da Escola Comunitária "Construindo o Futuro", na comunidade Ibifam, no Tapanã.  Ele é responsável pelo espaço da escola.

Carlos, natural de Salvaterra, no Marajó, viveu um dilema na infância: o pai queria que ele trabalhasse na roça e a mãe, que ele estudasse. Mas ainda na infância foi perdendo o gosto pelo estudo.

Aos 11 anos, veio morar em Belém com uma tia, com a promessa de estudar, mas logo teve que trabalhar para sustentar a tia. O cozinheiro conta que não teve mais oportunidade de estudar e nem tempo: ou estudava ou trabalhava.

É só um recomeço  

“Quando o professor me procurou para falar do espaço para o programa, eu disse 'sou o primeiro aluno a me matricular'. Expliquei minha história e não vou parar aqui. Isso aqui é só um recomeço. Apesar de ter parado na terceira série, eu sempre tive vontade de ter coisas boas, então eu trabalhei muito. Construí minha casa, minha família, consegui tirar minha carteira de motorista, sou cozinheiro profissional. Mas falta algo, que é ter um diploma, porque, em todo local pra arrumar emprego, a gente precisa comprovar o grau de escolaridade", conta o cozinheiro.

"Hoje, o projeto abriu um leque pra futuramente seguir o que eu gostaria, que é o curso de gastronomia. Então esse já é o primeiro passo. Isso não vai parar aqui”, garante Carlos, feliz com a conquista e que agora incentiva outras pessoas a voltarem a estudar.

Compromisso

Essas histórias mostram como a educação é libertadora, como dizia Paulo Freire.

"O compromisso de uma Belém Alfabetizada é um compromisso que impacta na vida, não só de uma pessoa, mas de várias gerações a partir dela", vibra o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues. "É um compromisso de vida pela educação".

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Ag. Belém