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Em seis meses, PS Infantil do HRAS recebe mais de 100 crianças com ingestão de objetos estranhos

Profissionais de saúde do Abelardo Santos advertem os pais e responsáveis para os para que os casos não evoluam para morte

Mais frequentes na primeira infância, as crianças de até cinco anos de idade são as que preocupam mais os pais e/ou responsáveis pela curiosidade e também pela ingestão de objetos estranhos ou substâncias tóxicas. Contudo, o incidente pode acontecer em outras faixa-etárias, o que, nem de longe, minimiza os riscos de complicações gastrointestinais e até mesmo, o óbito. Em Belém, por mês, a Urgência e Emergência Pediátrica do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, estima receber 19 crianças que engoliram algum tipo de objeto.  

Para se ter uma noção da frequência dos casos, nos últimos seis meses, 114 crianças foram atendidas na unidade para a retirada de algum material indigesto. A lista é grande e, até inimaginável. São pilhas, moedas, ímãs de geladeira, pregos, pedaços de ferro, de brinquedos, agulhas, alfinetes, entre outros, como bateria, objeto que, levou, na unidade, uma criança à morte após a substância vazar em seu estômago, devido a uma queimadura cáustica, provocada por uma substância encontradas nas baterias que provoca uma corrosão ou queimadura.

O diretor médico do Abelardo Santos, o cirurgião Paulo Henrique Ataíde, explica que, se a bateria for parar na árvore respiratória, além da queimadura, pode obstruir a respiração e levar ao sufocamento. “Temos de ficar sempre em alerta a qualquer sinal que a criança dar ao tentar respirar, falar, ou indicar que algo não está bem. Corpo estranho como a bateria, por exemplo, são muito pequenas, mas podem trazer um dano irreparável, em algumas horas no estômago”, alertou Ataíde.

O médico explica que qualquer sinal de alerta, é fundamental recorrer a uma ajuda profissional, o mais rápido possível. “Na grande maioria dos casos, a equipe consegue retirar o objeto por meio de uma endoscopia, sem precisar de cirurgia. Mas, apesar de um grande número de desfechos positivos, já tivemos uma criança que não resistiu a lesão. Por isso, o quanto mais rápido o adulto levar ao atendimento médico, mais chances das sequelas serem pequenas”, disse o cirurgião.  

Prevenção- Mesmo com todas as medidas preventivas dentro de casa, acidentes, sobretudo com crianças, acontecem. Por isso, é importante que saibamos como agir nesses momentos. O anestesista Carlos Henrique de Menezes, coordenador médico do HRAS, também reforça a importância de um socorro imediato.

“Leve imediatamente a criança ao pronto atendimento mais próximo para uma correta avaliação clínica com pediatra ou um clínico. Na urgência, os pais serão questionados ao que se supõe ser o objeto ingerido. Uma radiografia pode ajuda na determinação dos casos, para a avaliar a conduta mais apropriada. Os objetos que passaram pelo esôfago poderão ser observadas clinicamente, pois há grandes chances de serem expelidas do organismo junto com as fezes sem qualquer intercorrência”, detalhou.

Em se tratando de pilhas ou objetos pontiagudos, localizados no esôfago, o médico diz que o procedimento indicado é a endoscopia para a retirada a mais precoce a possível, evitando-se lesões esofágicas graves.

Protocolos- A enfermeira Adriléia Brito, coordenadora do PS infantil, acrescenta que a enfermagem integra a equipe multidisciplinar nos cuidados imediatos aos usuários vítimas de engasgo ou ingestão de objetos. “Fazemos manobra de Heimlich (tração abdominal- procedimento de primeiros socorros para tratar asfixia) e manejo sinais e sintomas. A equipe prepara os pacientes para exames como raio-X, tomografias e endoscopia além do acompanhamento da saúde de forma integral deste usuário, garantindo a manutenção das necessidades humanas básicas e bem estar em geral”, disse.

A profissional também observa os tipos de atendimentos na unidade. “Temos uma média diária de atendimento de 250 crianças por dia no pronto socorro, na maioria por síndromes respiratórias e gastrointestinais. Temos casos bem importantes como crianças que engoliram bateria e prego que atuação imediata da equipe é de suma importância”, acrescentou Adrileia Brito.

Serviço: O HRAS é uma unidade pública, administrada pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Hospital conta com um pronto-socorro pediátrico, com atendimento de urgência e emergência, composto por sala vermelha, sala amarela e sala azul. O HRAS atua, ainda, em internação clínica e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), feitas em caráter de urgência ou através de regulação. O Abelardo Santos tem, também, o suporte de 50 leitos voltados à recuperação dos bebês prematuros. Os leitos estão divididos em UTIs e Unidades de Cuidados Intermediários (UCI).

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Ag. Pará