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Cultura

Novo Centro Cultural Palacete Faciola será entregue no sábado (25) em Belém

Prédio histórico composto por três casas será a nova sede do DPHAC e do Museu da Imagem e do Som (MIS)

O Palacete Faciola é um casarão histórico de Belém, que chegou a ficar em estado de abandonoApós um intenso trabalho de restauro e reconstrução em um dos casarios mais simbólicos da arquitetura de Belém, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), entrega neste sábado (25) o Palacete Faciola, que agora assume o caráter de um centro cultural. Composto por três casas, o equipamento abrigará o Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC), o Museu da Imagem e do Som (MIS) e um auditório para 105 pessoas, que funcionará como espaço multifuncional para atividades ligadas às manifestações e expressões da cultura material e imaterial do Estado.

Essa é a primeira vez que o DPHAC e o MIS recebem uma sede física própria. A cerimônia de abertura do espaço será realizada a partir das 17h, com a presença do governador Helder Barbalho; do secretário de Estado de Cultura, Bruno Chagas; da diretora do DPHAC, Karina Moriya; e do diretor do MIS, Januário Guedes. Durante a entrega, o governador acenderá as luzes e fará uma visitação para conhecer o novo espaço.

O prédio será a sede do Depto. de Patrimônio Histórico (DPHAC) e do Museu da Imagem e do SomShow e exposições

Abrindo a programação de inauguração, a Amazônia Jazz Band (AJB) se apresenta com toda versatilidade e carisma. O show será aberto ao público pela rua Dr. Moraes e o repertório inclui as músicas “Foi assim”, de Paulo André & Ruy Barata; “Rhythm of our world”, de Arturo Sandoval; a seleção Tim Maia, com os clássicos nacionais “Azul da cor do mar”; “Primavera”; “Gostava tanto de você” e “Descobridor dos sete mares”. Na sequência, os músicos interpretam “Flor D’Luna”, de Tom Coster; “Oye Como Va”, de Tito Puente; “Europa”, de Carlos Santana e Tom Coster; e “Smooth”, de Itaal Shur e Rob Thomas.

O espetáculo também será composto pelas canções “A few good men” (Gordon Goodwin), “Estrepa muleke” (Kim Freitas), “Live and let die” (Paul e Linda Mccartney), “Against all odds” (Phil Collins), “Chorando se foi” (Banda Kaoma), “Sem você nada é bonito” (Pinduca), “12 horas sem te ver” (Pinduca), “Cuisse la” (Les aiglons), “Solo de craque” (Aldo Sena), “Rencontre” (Eric Brou) e “I got you (I feel good)” (James Brown).

Na entrega do espaço também serão abertas três exposições. A primeira - “Belém Passado/Presente” - é uma homenagem do Governo do Estado ao professor, arquiteto e urbanista, Flávio Nassar, falecido em março deste ano, que se destacou por sua extensa produção intelectual, dedicação ao patrimônio arquitetônico da capital paraense e à formação de novos profissionais da área. A exposição será composta por uma maquete do centro histórico de Belém, que ficará exposta durante quatro meses em uma das salas do Palacete.

Medindo 5,10x7,10 metros e ocupando uma área aproximada de 36 m², a obra tem a base de isopor e os imóveis em madeira balsa. Sua construção teve início em janeiro de 2016, como um presente pelos 400 anos de Belém. A criação foi do Estúdio Tupi, dirigido pelo arquiteto paraense Aldo Urbanati, com realização da Universidade Federal do Pará (UFPA) e produção do Fórum Landi/UFPA, projeto coordenado por Flávio Nassar.

A segunda exposição – Memorial Palacete Faciola - visa a transformar o espaço em si numa ação permanente de educação patrimonial, buscando valorizar os detalhes arquitetônicos e pinturas artísticas das edificações, assim como o entendimento do modo de vida da Belle Époque. “A restauração e a requalificação do Palacete Faciola visam não apenas retornar um importante marco arquitetônico à cidade de Belém, como também adaptá-lo para um local de visitação e de uso funcional, transformando num Memorial Palacete Faciola, onde os visitantes desfrutarão de espaços ambientados conforme o estilo de quando o local funcionava como morada, e uma sede administrativa onde funcionará o DPHAC. Será um local de trabalho, de estudo e de valorização do patrimônio cultural paraense”, destacou Karina Moriya, diretora do DPHAC.

Durante a entrega do Centro Cultural Palacete Faciola, haverá ainda a exposição permanente “Cinema, televisão e audiovisual na coleção do MIS, um breve recorte”, que reunirá acervos e equipamentos da memória audiovisual paraense, como câmeras de estúdio de das tvs Guajará e Marajoara; câmeras de cinema de Super 8, e 16 mm; projetores de filme Super 8, 16 e 35mm, aparelhos de tv; câmeras fotográficas analógicas; gravadores de som de fita magnética, poltronas do antigo cinema Guarani, e outros objetos de várias épocas, desde a década de 1960 até anos mais recentes, com exceção de uma vitrola, com funcionamento à corda, que data dos anos 1940/50.

De acordo com o diretor do MIS, Januário Guedes, o acervo busca trazer ao público atual um pouco da história desses registros. “Com essa exposição espera-se contribuir para informar o público sobre a finalidade de um Museu da Imagem e do Som, cujo papel é o de recolher, preservar, guardar e difundir a memória de um lugar, de uma sociedade, de um povo, no caso a sociedade paraense, contribuindo para a construção de sua identidade cultural”, comentou.

Reconstrução completa

Projetado em 1895 e concluído em 1901, o Palacete Faciola foi construído para abrigar a família de Antônio Faciola, personagem de destaque no cenário político e econômico de Belém. Após décadas danificado pelas intempéries e a falta de uso, o prédio foi desapropriado pelo Governo do Estado em 2008 e, em 2012, passou a ser administrado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult), recebendo intervenções de reforço estrutural nesse período.

Exemplar da arquitetura eclética, o Palacete Faciola tem predominância do estilo “Art Noveau”Em outubro de 2020, a Secult deu início às atuais obras de restauro, revitalização e requalificação, com previsão de entrega em 25 meses, mas o espaço será entregue antes: apenas 20 meses depois do início dos trabalhos, como o novo Centro Cultural Palacete Faciola.

A edificação histórica ocupa uma localização privilegiada, com a fachada voltada para a avenida Nazaré, uma das principais rotas da procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Entre as etapas da obra, foi feita a limpeza e catalogação das peças encontradas no prédio, com a separação de azulejos, ladrilhos e cerâmicas, gradis, portas e adereços de fachada.

Exemplar da arquitetura eclética, com predominância do estilo “Art Noveau” e do período da “Belle Époque”, o prédio de mais de 100 anos de história exigiu, durante as obras, o trabalho conjunto de profissionais de diversas áreas, que buscaram, acima de tudo, preservar e valorizar a memória do local e das mais de 2 mil peças que foram encontradas e catalogadas.

O projeto realizado no espaço incluiu a restauração das fachadas das três casas; a recomposição espacial dos edifícios; novas portas e janelas em madeira; a reintegração de pisos e forros; a recomposição da cobertura; a reintegração de rebocos e os revestimentos internos, respeitando o caráter histórico das casas. Também foi feito todo o paisagismo da área externa; instalação de sistemas elétricos, hidrossanitários, de drenagem, acústico, de ar condicionado, logística e de prevenção e combate a incêndio.

“Essa é uma edificação do início do século XX que foi completamente restaurada, resgatando elementos que ali foram encontrados e, com isso, dando vida a este prédio que estava por muito tempo abandonado e deteriorado. Além do MIS, DPHAC e o auditório, o Centro Cultural terá também um café e uma loja colaborativa, e passa a integrar o conjunto urbanístico e arquitetônico de Belém. É uma grande honra para o Governo do Estado e para a Secult realizar essa entrega, que foi iniciada e está sendo feita nesta gestão. A obra durou exatamente 20 meses e isso mostra que é possível realizar um projeto de preservação com qualidade, alinhado ao desenvolvimento das técnicas mais modernas de preservação, de restauro e conservação”, concluiu o secretário de Estado de Cultura, Bruno Chagas.

Acervos do DPHAC e do MIS

Criado em dezembro de 1990, o DPHAC nunca ocupou um espaço exclusivo, portanto, a casa principal do Centro Cultural Palacete Faciola abrigará a sede inédita do Departamento. O público que visitar o local terá a oportunidade de acessar mobiliários do Museu da Imagem e do Som (MIS) e do Museu do Estado do Pará (MEP), além de uma biblioteca especializada em publicações do departamento, com processos, plantas, fotografias, livros, folhetos, periódicos e slides, disponíveis para pesquisa de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h.

Também recebendo pela primeira vez uma sede própria, a expectativa é alta para que o MIS, que já existe há 50 anos, comece a funcionar no novo centro cultural. “Nosso intuito com a instalação do MIS em novo espaço é de que possa, depois de cinco décadas da proposta de criação, feita por Eneida de Moraes, no início dos anos 1970, e da sua efetiva criação no início dos anos 1980, finalmente ter uma sede própria, com estrutura e ferramentas adequadas, contar com parâmetros e equipes preparadas para diagnosticar, recuperar, conservar, catalogar, guardar e difundir nosso acervo audiovisual e que possamos encontrar parcerias públicas e privadas para a difusão do acervo e para a articulação de informações e experiências com outras instituições que trabalham com a preservação de acervo de imagem e som”, disse o diretor Januário Guedes.

A coleção do MIS possui cerca de 4.460 mídias sonoras em fitas K7, discos de vinil e CD’s; e 4.485 mídias audiovisuais, que englobam fitas VHS, rolos de películas 35mm/16mm, DVD’s, fitas mini DV e DV Cam e HD Cam. O acervo também é composto por 600 fotografias de acesso público e 500 materiais impressos. As principais obras da coleção são longas-metragens e documentários de Líbero Luxardo; cine jornais de Milton Mendonça; documentário do Museu do Marajó, do padre Giovanni Gallo; partituras, músicas, cartas e fotografias do maestro Waldemar Henrique e de Altino Pimenta; cartazes de filmes de Pedro Veriano; depoimentos de figuras públicas paraenses; filmes paraenses contemporâneos e filmes brasileiros da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

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Thaís Siqueira | SECULT