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UEPA forma 74 professores Munduruku em Licenciatura Intercultural Indígena

Marcando a história da educação indígena no Pará e no Brasil, a Universidade do Estado do Pará (UEPA) diplomou nesta quarta-feira, 8 de junho de 2022, duas turmas do curso de Licenciatura Intercultural Indígena. No total, 74 alunos Munduruku foram outorgados em solenidade oficial realizada na sede da cidade paraense de Jacareacanga, na divisa com o estado Amazonas.

O governador Helder Barbalho fez parte da composição da mesa e realizou a entrega dos diplomas junto com o reitor da UEPA, Clay Chaves. O chefe do poder executivo paraense também anunciou mais investimentos para educação indígena no Pará. “Em parceria com a UEPA, nós traremos a graduação e especialização intercultural para povos indígenas já no próximo ano. Por tanto, não apenas a graduação em Licenciatura, mas já levando a especialização para que vocês possam aprender e se qualificar cada vez mais. Aproveitem essa oportunidade”, contou Helder Barbalho.

Os alunos diplomados nesta quarta-feira fazem parte da 10ª e 11ª turma de Licenciamento Intercultural Indígenas. No final de abril, entre os dias 27 e 28, foram realizadas as defesas dos Trabalhos de Conclusão de Curso. Hoje o desafio dos alunos foi conter a emoção ao vivenciar a realização de um sonho. Roseane Kaba Muduruku utilizou o traje tradicional dos formandos e, também, utilizou adereços indígenas na cabeça e no lugar da faixa ao redor da cintura. Questionada sobre a decisão de mesclar as vestimentas, ela respondeu que “É para valorizar mais a nossa cultura Munduruku. Nós somos acadêmicos da UEPA e tivemos uma oportunidade de ter uma vaga no ensino do Estado que nos deu conhecimentos que vamos repassar aos nossos sobrinhos e filhos sobre a nossa história e cultura”.

O curso de Licenciatura Intercultural Indígena está dentro da política indigenista da UEPA, coordenado pelo Núcleo de Formação Indígena. O Núcleo constitui-se num espaço interinstitucional na Uepa, que visa garantir aos povos indígenas formação superior, realização de pesquisas, atividades de extensão e formação continuada, de acordo com as necessidades e realidades dos povos indígenas. Além disso, o curso abrange três áreas de atuação: Linguagem e Arte, Ciências da Natureza e Matemática e Ciências Humanas e Sociais.

Para o Reitor da UEPA, professor Clay Chaves, a colação de grau representa o compromisso do Estado em superar todas as dificuldades com o objetivo de levar ensino superior aos povos tradicionais. “Para a universidade é uma satisfação sem tamanho sabermos que estamos contribuindo com esse momento, com o fortalecimento da cultura indígena. A UEPA é uma instituição diferenciada porque ela vai até a aldeia com os alunos, em algumas levamos até três dias para chegar em algumas comunidades. O sentimento agora é de dever cumprindo e vamos avançar cada vez mais”  

A professora recém-formada, Elisa Akai Wiui, foi a responsável pelo juramento da turma. No discurso, a indígena destacou a importância da educação para garantir que toda comunidade tenha ciência dos direitos dos povos tradicionais: “Essa é uma luta constante dos indígenas e é preciso sempre lembrar e lutar pelos nossos direitos. Nós tomamos conhecimento disso, por meio da educação é com isso, estamos garantindo tudo que a gente já conseguiu”, reforçou Elisa Wiui.

Antes de encerrar a solenidade, Helder Barbalho destacou ainda que “A formatura representa garantia de direitos, inclusão e valorização dos povos indígenas. Parabéns para a UEPA e parabéns a todos que participaram e estão formandos pela universidade. Desejo que os formados hoje possam ampliar cada vez mais a oferta de professores para que nós tenhamos a oportunidade de garantir a cobertura de educação indígena no nosso Estado”, declarou o chefe do Poder Executivo do Pará.

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Ronan Frias |Ag. Pará