IBOVESPA 107.398,97 −6.278,28 (5,52%)

Arraial do Pavulagem visita pacientes do Ophir Loyola

Arrastão percorreu clínicas e ambulatórios do hospital. Coletivo de artistas levou alegria e conquistou admiração de novos brincantes

Do colorido das fitas, da estrela azul no chapéu de palha e do rufar imponente dos tambores, o Arraial do Pavulagem marcou presença, na manhã desta sexta-feira (13), no Hospital Ophir Loyola (HOL). Usuários, acompanhantes e servidores aplaudiram, dançaram, cantaram e sustentaram sorrisos largos durante todo o cortejo. Nos corredores da casa de saúde, o coletivo de artistas entoou repertório com ritmos do cancioneiro regional, e adiantou que o retorno das tradicionais apresentações nas ruas será repleto de surpresas.

No ano em que completa 35 anos de atividade, o Pavulagem volta às ruas nos três últimos domingos de junho e no primeiro de julho. A manifestação é considerada uma das maiores expressões artísticas do Pará, e a presença do Batalhão da Estrela no HOL, em meio aos preparativos que envolvem a reestreia do coletivo nas ruas, foi bastante elogiada pela gestão.

“Nesse arrastão de cores e de alegria no Ophir, há reverências não só à quadra junina e à cultura popular, mas ao amor ao próximo. Olhar para o usuário com carinho, acolhê-lo e convidá-lo para integrar a apresentação mostra que estamos todos juntos nesse processo de recuperação. A presença desses artistas é um convite a conhecer elementos simbólicos que carregam as histórias de muita gente. E, aqui no HOL, com a apresentação de hoje, muitas vidas passaram a fazer parte dessa constelação de estrelas azuis”, afirmou a superintendente do Instituto de Oncologia do HOL, dra. Ana Paula Borges.

É a segunda vez que o Arraial realiza arrastão nas dependências do Ophir. Em 2019, os músicos realizaram o mesmo trajeto, iniciado na clínica de neurocirurgia e finalizado no ambulatório. Para a chefe da Divisão de Terapia Ocupacional do HOL, Márcia Nunes, as atividades lúdicas em diferentes setores mobilizam todo o corpo clínico para a manutenção de um ambiente hospitalar acolhedor. Envolvimento que, segundo a especialista, beneficia diretamente o usuário. 

“Com o Arraial, trazemos momentos de alegria, descontração e motivamos o surgimento das melhores emoções nos pacientes. A interação e a música ajudam a estimular o cérebro e potencializam sensações de bem-estar. Além disso, ações como essa criam uma atmosfera de calor, de humanização, que acolhe e ajuda as pessoas. Muitos até esquecem que estão em um hospital e dançam, cantam. Após dois anos de pandemia, o retorno do Pavulagem no HOL nos traz esperança de tempos melhores”, disse Márcia.

“Faço parte do Arraial há sete anos e sempre tive admiração pelo trabalho que é desenvolvido e pela resposta empolgante do público. Nas enfermarias, vimos que as pessoas se levantavam e dançavam como se estivessem na rua, diante das toadas. Somos gratos por vivenciar a alegria das pessoas com a nossa presença. Existe uma troca: a gente traz a eles um pouco da alegria do boi, que passa nas ruas domingo, e eles nos devolvem com sorrisos nos rostos e entusiasmo”, ressaltou o professor de História e integrante do Batalhão da Estrela, André Pompeu.

Maria das Graças Reis, de 72 anos, está internada há 14 dias no HOL e transbordava animação no cortejo, com gestos de quem vestia uma saia imaginária longa e rodada. “Eu estava lá no outro lado do hospital (se referindo a outra enfermaria), mas eu vim acompanhar e dançar com eles aqui também. A música deles me carregou e não tive como me segurar, dancei mesmo”, disse a aposentada enquanto dançava e rodava com as mãos para cima, aplaudindo os profissionais da música.

A realização de parcerias com voluntários na elaboração de programações socioculturais é preocupação constante da gestão. Iniciativas da Divisão buscam amenizar dores física, emocional, social e ocupacional, e contribuem para melhor adesão ao tratamento, principalmente em casos de hospitalização de longa permanência. Visivelmente emocionada, Maria de Nazaré Teodoro, de 57 anos, era só gratidão. Ao lado da filha Thaís, ela acompanhou o cortejo da porta de uma das enfermarias. “Eu amei a presença do arraial e até chorei de tanta emoção. É bom descontrair e dançar ao som deles. Eu gosto muito quando tem isso no hospital, anima muito o nosso dia”, afirmou.

_______________

Ellyson Ramos | Ag. Pará