Iniciado na década de 1990, o projeto de macrodrenagem no canal do Tucunduba, em Belém, se arrastou por décadas. Anos difíceis para quem precisou se acostumar a conviver com alagamentos e a total falta de infraestrutura urbana. É o caso do aposentado Edmilson Lobato, que há mais de 20 anos mora às margens do canal. Cadeirante, ele conta que ainda lembra da época em que praticamente não saía de casa por conta dos alagamentos e da lama. “Hoje eu posso sair de casa sem medo de cair. Melhorou muito. Agora pode chover que não alaga mais. Nós podemos andar tranquilos. Pra mim essa obra concluída é um sonho realizado.”
O morador Profírio Felício, residente da rua Jabatiteua, na Terra Firme, é outro que traz consigo lembranças de um passado difícil. Com um recorte de jornal do ano de 1997, ele recorda da luta da comunidade pelo fim dos alagamentos na área. Hoje, mais de 20 anos depois, ele comemora. “Temos que acreditar em governantes que querem fazer as coisas. Antes, quando chovia, a gente ficava 2 ou 3 dias no fundo. Hoje a obra está aí, quase pronta, para a alegria da população. O nosso sofrimento acabou. É a realização de um sonho, pois sou testemunha de pertences que perdi por causa de alagamentos. Muitas pessoas aqui perderam bens e móveis.” conta o morador.
Em 2019, a atual gestão estadual tomou a conclusão da obra no canal do Tucunduba como prioridade. Desde então os serviços foram intensificados nos três trechos que compõem o projeto. Os dois primeiros trechos, que compreendem o perímetro entre a rua São Domingos e a Rua 2 de Junho, já foram entregues à população no início de 2021. Agora o Estado trabalha na conclusão do terceiro e último trecho do canal, que vai da rua 2 de Junho até a travessa da Vileta.
Ao todo, o projeto de Macrodrenagem do Canal do Tucunduba está orçado em cerca de R$ 250 milhões, sendo mais da metade do valor garantido com recursos estaduais, além de R$ 120 financiados pelo Governo Federal. Além da correção da estrutura do canal para garantir a vazão da água, o projeto também contemplou a urbanização da área, com pavimentação asfáltica e construção de praças, parques infantis e quadras de esporte. A expectativa é que as obras beneficiem cerca de 300 mil pessoas, em bairros como o Guamá, Terra Firme, Canudos e Marco, garantindo saneamento, mobilidade e mais qualidade de vida para a população.
Para o engenheiro civil Ruy Cabral, titular da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop), pasta responsável pelas obras no canal, a conclusão da macrodrenagem deixa a sensação de dever cumprido.
“O projeto do Tucunduba começou em 1996, de lá pra cá foram oito gestões governamentais que assumiram a obra e somente agora finalmente temos o momento concluí-la. Em 2019, quando a obra estava praticamente parada desde 2008, firmamos o compromisso de conclusão. Os serviços trazem melhoria da qualidade de vida, minimizando os problemas de alagamentos nesta região. Agradecemos a todos que participaram dessa obra. É um momento de felicidade por trazer a dignidade e honrar o compromisso que o governo assumiu com essas pessoas.” destacou o gestor.
O secretário destacou ainda que o Governo do Estado seguirá trabalhando para acabar com o problema de alagamentos em Belém. “Vamos avançar para trabalhar em outros canais, como os canais da União, da Timbó, da José Leal Martins e da Mundurucus. Também é necessário que a Prefeitura de Belém faça a sua parte, executando a devida limpeza e manutenções para que os canais tenham condições de dar vazão às águas, evitando cada vez mais os prejuízos causados pelos alagamentos na nossa cidade.” afirmou
O projeto de Macrodrenagem no canal do Tucunduba também garantiu a geração de cerca de 1200 vagas de trabalho, garantindo renda para trabalhadores locais. É o caso do operário Reginaldo Ribeiro, que há um ano e meio trabalha na execução das obras. Morador do bairro da Terra Firme, ele ressalta a importância do serviço que está sendo executado no local. “Para nós moradores está sendo um grande benefício. Isso aqui era complicado demais. Áreas como a Cipriano Santos e Vileta ficavam totalmente cheias com a chuva. Muita gente perdeu coisas. Hoje os moradores estão felizes. Quando chove seca rápido. Estou muito feliz e grato por trabalhar aqui. Eu também peço que os moradores tenham cuidado para manter a conservação e a limpeza de tudo que está sendo feito por nós” declarou.
O projeto do Tucunduba também contempla a construção de unidades habitacionais nos conjuntos residenciais Riacho Doce I, II e III. Em 2021 foram concluídas 368 unidades, que já estão sendo entregues a famílias que precisaram ser remanejadas por conta das intervenções no canal, ou estavam inscritas em programas de assistência habitacional do governo. Outras 80 unidades devem ser entregues em 2022, além das 400 unidades que serão construídas na área do antigo Curtume Santo Antônio, na Terra Firme.
Ainda como parte do projeto de Macrodrenagem do canal, estão sendo finalizados os trabalhos de construção da Estação de Tratamento de Esgoto do Riacho Doce. A estrutura de grande porte está sendo devidamente equipada para atender e tratar o esgoto de todos os bairros atingidos pelo canal.
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Agência Pará
18/11/2024 | 20:24
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