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Opinião

👉IdealPolitik - Denúncia contra Wajngarten associa fake news à hierarquia do governo

Por: Leopoldo Vieira, CEO da IdealPolitik

-- Em resposta a reportagem d'O Globo que mostrou que cerca de R$2 milhões de anúncios pagos pelo governo para promover a Reforma da Previdência foram parar, supostamente, em sites de notícias falsas e verdades subjetivas - as pós-verdades, o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, disse que os anúncios foram direcionados pelo Adsense da Google, monetização baseada em fluxos e algoritmos, pela qual os recursos são executados nos cliques dos anúncios, não como um patrocínio oficial.

-- O inquérito no Supremo Tribunal Federal, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito no Congresso, e o projeto de lei que este último pode aprovar na semana que vem - todos sobre fake news, visam cercar agentes, mentores e financiadores da alegada manipulação exatamente de fluxos e algoritmos. O julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão, no Tribunal Superior Eleitoral, pelo menos das ações mais perigosas ao governo, tendem a se basear no inquérito do STF, atendendo pedido do PT.

-- A acusação compõe o roteiro de desmontar a estratégia e o sistema de comunicação do bolsonarismo e desidratar a aprovação do presidente Jair Bolsonaro, mas dentro da ofensiva geral que vincula fake news ao governo. Neste caso, associando os tais "gabinete do ódio" e "milícia virtual" à hierarquia do Poder Executivo, para além da suspeita de que teriam salas no Palácio do Planalto.

-- Contudo, Wajngarten tem razão sobre os anúncios não serem, a priori, discricionários e com pagamentos antecipados como a forma tradicional, inclusive a plataforma Sleep Giants, que se destacou recentemente por prejudicar a publicidade de portais da direita alternativa pró-Donald Trump, nos EUA, age alertando aos anunciantes públicos e privados que é possível gerenciar as propagandas via Ad Sense et alii, de modo a não serem veiculadas em sites controversos.

-- A questão agora é sobre quem dá a última palavra sobre as regras anti-pandemia. Como o governo não recua da polarização com o isolamento, alas do Judiciário, combinadas com outras no Parlamento, vão concluindo que enfraquecer o setor olavista, que também orienta a linha radical do presidente, é um dos meios para moderar o Planalto. O sentimento predominante em Brasília sobre as falas de Bolsonaro e aliados contra o STF não é de ameaça às instituições, mas que são bravatas.

-- Se quiser, fica o convite para o leitor/a ouvir o podcast ValueTips #17 - Bolsonaro x STF, do TradersClub: https://sptfy.com/doeU. Nele, analiso as últimas semanas, marcadas por uma escalada na tensão entre o Executivo e o STF, por que os dois lados medem forças, como isso ameaça os mercados, e o que esperar com os números da Covid-19 subindo e a continuidade de um novo movimento nas ruas, contrário ao governo.

-- Estes protestos, associados a manifestos pluralistas antigoverno, como o "Estamos #Juntos", “Somos 70 por cento" e "Basta", trazem algumas questões de fundo antes de se consolidarem como uma frente ampla: centro e esquerda se apoiariam mutuamente no segundo turno contra Bolsonaro em 2018?, é uma das principais.

-- Time is politics.

*Leopoldo Vieira, paraense radicado em Brasília, 36 anos, é jornalista, analista político, especialista em Administração Pública e chefe-executivo da IdealPolitik, agência de análise e assessoria.