IdealPolitik - O Brasil depois de Mandetta

Por: Leopoldo Vieira, CEO da IdealPolitik

-- Brasília, 16 de abril = O Ministro da Saúde, Luiz Mandetta, confirmou a demissão atirando, nem os militares o dobraram a aceitar reabrir a economia prescrevendo drogas incompletas para tratar o coronavírus, como cloroquina e o vermífugo "Anitta". Em entrevista à Veja, revelou-se cansado do presidente Jair Bolsonaro pactuar medidas e, depois, desautorizá-las. Pensando em seus interesses políticos, Bolsonaro sacrifica a prevsibilidade da economia.

-- A queda de popularidade presidencial será inevitável.Conforme a pesquisa Atlas Político, em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Brasília, 76% temem voltar às ruas , e 76,2% se opõem ao afastamento do ministro, que antecipou não aceitar cargos no estado ou em Goiás. Qualquer substituto terá conflito com Bolsonaro se a escolha for técnica. Mas há novos na balança: com um mês de quarentena, o cansaço com isolamento e vontade psicológica das pessoas de voltar à rotina, para debelar a adaptação ao cenário desagradável e incerto; e o mercado está ansioso pela reabertura da economia, mesmo sem saber no que pode dar.

-- A mudança na Saúde não garantirá a reabertura. O Supremo Tribunal Federal decidiu que governadores e prefeitos não apenas tem autonomia para medidas restritivas como podem graduar as do Planalto. Com isolamento, fala-se de contração de 5,3% do PIB e R$600 bilhões de déficit. Se a doença ganhar escala de massas, para irão estes números?

-- Como alertou o ex-professor da PUC-SP, o economista e monge do Templo Shin Budista de Brasília, Ademar Sato, 77, "o ser-humano sempre fez cálculos de escassez e privilégio, esquecendo-se da abundância que a ciência e a tecnologia propiciam. Mais vidas, mais recuperação da economia, pois são pessoas que produzem e dão significado à riqueza". Para ele, sobre o papel do Estado, "precisaremos do que cria condições favoráveis e estímulos positivos".

-- Como o Parlamento reagirá à saída de Mandetta? A Câmara dos Deputados deu 30 dias para que o presidente apresente o resultado dos exames de Covid-19, sob risco de cometer crime de responsabilidade e ser alvo de impeachment. Circulou forte em Brasília que a revista Veja teria um exame presidencial. Não responder aos deputados é um problema grande, mentir dobra a confusão. Time is politics.

*Leopoldo Vieira, paraense radicado em Brasília, 36 anos, é jornalista, analista político, especialista em Administração Pública e chefe-executivo da IdealPolitik, agência de análise e assessoria. E-mail: contato@idealpolitik.com.br